O caso que movimenta a sociedade amazonense ganhou destaque nacional na edição de ontem da revista eletrônica “Fantástico”, da Rede Globo. A emissora mostrou denúncias contra o deputado estadual Wallace Souza por formação de quadrilha, associação ao tráfico de drogas e porte ilegal de armas. “Deputado que encomendava morte para mostrar na TV”, essa foi a chamada do programa, que ainda informou que Wallace Souza foi expulso da Polícia Civil por desvio de combustível e mostrou depoimentos de autoridades afirmando que alguns dos assassinatos exibidos no programa do deputado (Canal Livre) foram encomendados pelo parlamentar.“As investigações apontam no sentido de que eles chegavam, na verdade, até a criar fatos. Se determinava que crimes fossem cometidos pra gerar notícia para o grupo, para o programa”, afirmou o secretário de Inteligência do Amazonas, Thomaz Augusto Corrêa Vasconcelos.
Reação
O deputado, que está em São Paulo para tratamento de saúde, assistiu à reportagem. Por telefone, disse à reportagem de A CRÍTICA que “teve vontade de rir”. “Essa é uma verdadeira armação contra mim. Estão tentando me derrubar politicamente, mas não vão conseguir. O secretário Francisco Sá Cavalcante nem sabe do que está falando, fui absolvido pela Justiça”, disse Wallace, sobre desvio de combustível quando era policial. Horas antes da exibição da reportagem, a irmã do deputado, Marlúcia de Souza, comentou que ele não assistiria ao programa. “Ele viu a chamada da matéria enquanto aguardava atendimento médico. De madrugada, passou mal. Teve palpitações e enjoos. Estamos sofrendo muito”, contou Marlúcia.
O vice-prefeito Carlos Souza preferiu não comentar.Outros envolvidos também citadosDepoimentos de diversas autoridades sobre o caso, deram ainda mais repercussão ao “Caso Wallace” no programa dominical. A reportagem informou que o promotor de Justiça Walber Nascimento está sendo investigado e que 15 pessoas ligadas ao deputado já foram presas, incluindo um coronel da Polícia Militar, policiais e o filho do deputado.
A matéria ainda mostrou trechos do programa do deputado, em que ele parabenizava a polícia e mostrava assassinatos.“Tem todas as características de crime organizado mesmo. Tem braço no Ministério Público, tem braço na política, tem braço nas polícias. É um estado dentro do Estado”, afirmou o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Francisco Sá Cavalcante.
Em depoimento ao programa, o secretário de Inteligência do Amazonas, Thomaz Augusto Corrêa Vasconcelos comentou que “as investigações apontam no sentido de que eles (deputado e pessoas do programa de TV ‘Canal Livre’) chegavam na verdade até a criar fatos, se determinava que crimes fossem cometidos pra gerar notícia para o grupo, para o programa”, diz Uma advogada - que não mostrou o rosto - acusou o deputado de bater em seus clientes. “Chegava, entrava, invadia a casa do meu cliente, saía batendo, dando tapas na cara, puxando pelos cabelos, chamando de ‘safado’. Diversas pessoas já presenciaram isso. Ele gravava e colocava no programa”.‘Moa’O estopim do caso, o ex-segurança do deputado e ex-sargento da PM, Moacir Jorge da Costa, conhecido como Moa, também foi citado na matéria. Por conta de um depoimento de Moa à polícia é que esse caso tornou-se destaque. Moacir disse que pelo menos um assassinato foi encomendado por Wallace e gravado pela equipe do programa.
Outra cena importante da matéria é a gravação da busca e apreensão na casa da família do deputado. Na ocasião, ele ameaçou os policiais: “Eu vou voltar pra essa mesma polícia, vou mostrar que eu vou ser secretário de Segurança”.A reportagem ainda relembrou que foram encontrados na casa de Wallace projéteis deflagrados, apontados pela perícia como os mesmos retirados da cena da execução do traficante Bebetinho.
A reportagem sobre o caso que começou com a prisão do ex-PM e ex-segurança do deputado, Moacir Jorge da Costa, o “Môa”, teve grande repercussão entre os usuários amazonenses do site Twiiter. A matéria, na íntegra, pode ser acessada pelo portal http://www.g1.com.br/.
Defesa
O advogado de Wallace, Francisco Balieiro, afirmou que o deputado é inocente: “Todas essas investigações do Ministério Público, juntamente com a polícia, que formam uma chamada força-tarefa, até hoje não apresentaram nenhuma prova técnica”.
Fonte: Jornal "a Critica"