Rádio

terça-feira, 28 de junho de 2011

Rede Boas Novas

Dezoito Anos de Boas Novas, a maior emissora de TV de conteúdo evangélico do Brasil.
Há dezoito anos, exatamente no dia 15 de março de 1993, em Manaus, por efeito de um grande milagre de Deus, surgiu a Boas Novas. Parece que foi ontem, mas ainda me lembro de como tudo começou. A visão de Deus para implantar uma rede de comunicação foi implantada no meu coração quando eu estava no alto Rio Juruá, para resolver um problema numa igreja no Município de Ipixuna (AM).

Um irmão em Cristo, bem pobre e de trajes humildes, se aproximou e surpreendeu-me com um pedido: “Pastor, gostaria de pedir que o senhor me desse uma filmadora”. Esse irmão, havendo sido, outrora, um perigoso bandido procurado pela polícia, se estabelecera nas brenhas do Amazonas, onde se convertera a Cristo. Depois de haver se casado, nasceu-lhe uma filhinha, e seu sonho era poder filmá-la crescendo, e depois, mandar a fita aos parentes no Nordeste, de onde viera e ninguém mais soubera notícias suas.

Naquele momento, o Senhor Jesus falou ao meu coração utilizando-se desse fato como uma poderosa metáfora: “Construa uma rede de televisão para mostrar a face da minha Igreja, e também proclamar a mensagem de boas novas para todo o Brasil”.

Quando chegou o tempo de Deus, imaginamos começar comprando uma emissora de rádio. Assim, procurarmos uma rádio que estivesse à venda, e fomos surpreendidos com a oportunidade de comprar a Rede Brasil Norte. O preço, contudo, era algo exorbitante para nossos padrões financeiros. Ademais, como não tínhamos fiadores, o contrato previa que se houvesse atraso em algum pagamento, a rede voltaria aos antigos donos, e perderíamos tudo.

Tudo o que tínhamos era a fé de que Deus estava nesse negócio. Parecia loucura, mas era um claro sinal de que tínhamos de confiar inteiramente no Deus infinito e eterno, que é dono do ouro e da prata, e não na limitação e finitude do homem.

Houve uma intensa mobilização da Igreja, irmãos vendiam suas propriedades, outros vendiam picolés, sanduíches e frutas, e todos traziam suas generosas ofertas. Desse modo, finalmente pagamos cada centavo sem atraso. Foi um milagre de Deus! Essa história está contada em detalhes no livro “Luz, Câmera... Milagre!”, de autoria do jornalista e pastor Benjamin Ângelo de Souza.

Eu sempre me pergunto: “Por que Deus escolheu começar essa obra no Norte, numa região onde nenhum empresário de bom senso começaria nada dessa magnitude? Por que não no Sudeste?”

A única resposta é essa: Isso é coisa de Deus! Na verdade, Deus atendeu ao desejo do coração de um homem. Sabe-se que Gunnar Vingren, pioneiro da Assembleia de Deus, em viagem de navio em seu retorno à Suécia, em agosto de 1932, quando se achava na costa do Pará, escreveu em seu diário esta singela oração: “Oh! Como eu desejaria que pudéssemos ser como fortes estações de rádio, para que o mundo pudesse ouvir a voz de Deus! Deus, dá-me esta graça.”

Gunnar Vingren reconhecia não somente a sua fraqueza, mas também que Deus poderia usar a abrangência da comunicação que o rádio possibilitaria. Era um dos poucos em sua época a pensar tão grande.

Ora, está escrito que “os caminhos de Deus são mais altos que os nossos caminhos e seus pensamentos são mais elevados que os nossos pensamentos”. O mesmo Deus que “escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes” inspirava um homem a orar por algo inatingível em sua época, para que as gerações futuras pudessem ver o fruto profético de sua oração.

O mesmo Deus que escolheu Belém do Pará para começar a Assembleia de Deus com apenas dois jovens missionários e a transformou na maior igreja evangélica do mundo, escolheu começar a Boas Novas em Manaus, e depois, em Belém.

Embora estejamos comemorando “Dezoito anos de Boas Novas”, não declaramos maioridade, pois ainda dependemos do suprimento diário de Deus, assim como o povo de Israel, no deserto, dependia do maná a cada manhã. Isto porque a Boas Novas é uma obra missionária. “Deus mandou a sua ordem, e grande é o exercito dos que anunciam as boas novas” (Sl 68.11). Um exército de mantenedores que ajudaram a tornar esse sonho realidade.

Tudo o que queremos é exaltar o santo nome de JESUS, colocando-o iluminado no topo de todas as torres de televisão, como testemunho de que “não haverá impossíveis em todas as suas promessas”.

Parabéns Boas Novas! A Deus a minha eterna gratidão!

Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
Confira os artigos do Pastor Samuel Câmara, todas as semanas no jornal "O Liberal" -http://www.oliberal.com.br/

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Convenção Estadual da Assembleia de Deus no Amazonas - Ceadam


Convenção Estadual da Assembléia de Deus no Amazonas é uma sociedade civil sem fins lucrativos, com jurisdição em todo território amazonense, com sede e funcionamento nas dependências do complexo Canaã, situado na Avenida General Rodrigo Octávio Jordão Ramos, 1655, bairro Japiim, em Manaus - AM. Além das fixadas em seu Estatuto e em seu Regimento Interno, principalmente, congregar e congraçar bienalmente todos os obreiros da Igreja Evangélica Assembléia de Deus no Amazonas em todo Território amazonense, com o propósito de avaliar a eficácia do desenvolvimento evangelístico a cargo da igreja sede e das igrejas vinculadas, bem como traçar planos e diretrizes para exercícios futuros, tanto no plano espiritual quanto administrativo e social, decidindo ainda sobre questões de âmbito geral trazidas à decisão plenária da Convenção Estadual.

Todo o Estado do Amazonas é dividido em Municípios. Nestas áreas há um centro de apoio, onde o pastor deste centro é o coordenador dos seus vizinhos, responsável por acompanhar, apoiar e resolver os problemas que possam ocorrer. Atualmente há 62 Áreas de Coordenação.

Além de ser o Centro da Igreja no Amazonas a Convenção tem a finalidade de administrar a parte espiritual e material da Igreja no Estado; autorizando ou consagrando novos obreiros, orientado pastores, definindo metas, administrando a criação de novos campos, mantendo o registro e o cadastro do obreiro, do campo e de todos os acontecimentos que ocorrem nas Igrejas no Estado.

Hoje, em todo o Amazonas são mais de 890 pastores, 502 campos eclesiásticos e mais de 3000 templos, todos filiados e cadastrados na CEADAM. Quadrienalmente, esses pastores vêm à Manaus para a Convenção Geral, onde cada um representa sua Igreja e localidade, nenhum outro evento reúne representantes de 1000 (IBGE) localidades do Amazonas de uma só vez.

O Amazonas é imenso e o seu acesso é difícil e demorado; há lugares que é necessário quase um mês de viagem por barco para se chegar até lá, como o município de Ipixuna. Mas o Evangelho do Senhor Jesus tem chegado através de nossos pastores e tem alcançado vidas preciosas para Deus. Esta é a nossa parte, este é o nosso trabalho, e é por isso que oramos para que DEUS SALVE O AMAZONAS!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

História da Assembléia de Deus no Amazonas

Impulsionado pelo Espírito Santo, chega a Manaus em 1917 o irmão Severino Moreno de Araújo vindo de Belém, PA, lançando a preciosa semente. Seu trabalho foi grandemente abençoado e rendeu muitos frutos. Porém, sentindo a necessidade de alguém para cuidar do pequeno rebanho, solicitou à igreja em Belém (PA) um pastor. Em resposta a esse pedido, no dia 18 de outubro de 1917, embarcava em Belém, com destino a Manaus, o casal de missionários suecos Samuel e Lina Nystron.

No dia 1º de janeiro de 1918, Samuel Nystron e Lina Nystron organizaram e fundaram a Igreja Evangélica Assembléia de Deus em Manaus, com sede à Rua Henrique Martins esquina da Rua 13 de Maio (atual Avenida Getúlio Vargas). O primeiro batismo nas águas foi efetuado pelo missionário Samuel Nystron, nas águas do igarapé Mestre Chico (terceira ponte), quando 15 pessoas desceram às águas.

Como a igreja não tinha um local próprio para se reunir, a irmã Augusta doou um terreno localizado na Praça Visconde do Rio Branco, 8-A (atual Rua Duque de Caxias, 340). Em 31 de dezembro de 1929, ainda faltando terminar a construção, o templo foi inaugurado. Assim surgiu o primeiro templo da Igreja Evangélica Assembléia de Deus em Manaus, que hospedou a primeira Convenção Regional realizada de 15 a 22 de novembro de 1936. A IEADAM é única no Amazonas filiada à Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil, CGADB. Hoje conta com cerca de 3 mil templos em todo o Estado e 650 pastores cadastrados na Convenção Estadual da Assembléia de Deus no Amazonas, CEADAM, e um número geral de membros da ordem de 300 mil.

Os pastores que serviram à Assembléia de Deus no Amazonas foram: 1. Samuel Nystron, 2. Manoel da Penha, 3. José Paulino E. de Moraes, 4. Manoel Higino de Souza, 5. Josino Galvão, 6. José Menezes, 7. José Floriano Cordeiro, 8. José Bezerra Cavalcante, 9. José Marcelino da Silva, 10. Deocleciano Cabralzinho de Assis, 11. Francisco P. do Nascimento, 12. João P. de Queiroz, 13. Alcebíades Pereira de Vasconcelos, 14. Otoniel Alves de Alencar, 15. José de Souza Reis e 16. Samuel Câmara.

O atual pastor é Jonatas Câmara, que lidera a igreja e a Convenção do Estado desde 9 de fevereiro de 1997.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Assembleianos já são mais de 15 milhões no Brasil



Assembleia de Deus é considerada atualmente a maior instituição evangélica no Brasil e segundo recentes pesquisas já chega a 20 milhões de membros. Durante a sessão solene nesta quarta-feira na Ale, o pastor Joel Holder, presidente da Assembleia de Deus de Porto Velho, destacou este momento histórico para o movimento pentecostal que no próximo dia 18 de junho completa cem anos.

Após a entrega das honrarias (título de cidadão honorário e da medalha do mérito legislativo), discursou o pastor Joel Holder. “O Senhor é bom e eterno é a sua misericórdia. Queremos ainda compartilhar o centenário da Assembleia de Deus no Brasil, este momento histórico de cem anos de fundação, deixando as marcas do evangelho em cada rincão desse Brasil”, disse ele.

De acordo com o pastor são vários eventos que acontecem nesta semana comemorativa, tendo como ponto altamente relevante o batismo de 713 novos crentes. Joel Holder destacou que este marco histórico pentecostal iniciou em 1922 em Porto Velho, quando ainda Rondônia era chamada de Território Federal do Guaporé e o trem da Estrada de Ferro Madeira Mamoré ainda funcionavam. Ele lembrou ainda dos missionários desbravadores que vieram fundar a igreja em Porto Velho, construída de madeira na Avenida General Osório.

Ao concluir, o pastor Joel Holder destacou algumas obras da Assembleia de Deus de Porto Velho, como a Rádio Boas Novas; o Centro de Recuperação Refúgio Canaã, que recupera dependentes químicos; o Instituto Evangélico de Educação Paul Aenis, formando alunos também dentro do princípio cristão; dentre outros.

Para o Pastor Nels dos Santos, a sessão solene acontece por inspiração e graça Divina. Emocionado, Nels agradeceu aos parlamentares pela homenagem e cobrou apoio da bancada estadual para combater os projetos de leis que afrontam a palavra e a vontade de Deus. Ivonete Santos Luchtenberg falou em nome das mulheres assembleniana. Disse ser oportunidade ímpar a homenagem destinada aos cem anos da Igreja Assembleia de Deus. Agradeceu a oportunidade pelo momento.

O pastor Nelson Luchtenberg, em fala emocionada, agradeceu a homenagem. Disse que “nossa Igreja não se move por sentimentos, mas sim por convicção”. Observou a celebração do momento pentecostal e citou que a entrega das comendas aconteceram por reconhecimento ao que fez e faz a Igreja Assembleia de Deus em cem anos de fundação no Brasil. Falou sobre a educação aos jovens e adultos.

Ricardo Sá Vieira, chefe da Casa Civil e representante do governador Confúcio Moura (PMDB), deixou palavra do Deus. Falou sobre o seu lado evangélico. “Precisamos de homens de caráter. Essa é a convicção, profissão de fé”. Disse ser justa a homenagem aos cem anos da Assembleia de Deus.

Heverton Aguiar, procurador-geral de justiça, agradeceu o convite “por ser a congregação mais conhecida no Brasil”. Em nome do Ministério Público, prestou a homenagem a Igreja Assembleia de Deus.

O deputado estadual Maurão de Carvalho (PP) agradeceu aos homenageados, homens e mulheres que, desde jovens se entregaram ao serviço árduo de salvar almas, recuperar drogados, consolar aflitos, através da bíblia Sagrada e do amor incondicional a Deus. Impulsionados unicamente pela crença e confiança e concluiu com seu testemunho próprio do encontro com Jesus.

A deputada estadual Ana da Oito também discursou fazendo um relato de seu ingresso no movimento evangélico, destacando que após um período afastado retornou a Igreja Evangélica Assembléia de Deus há quatro anos. Ela também enfatizou o trabalho árduo desenvolvido pelos pastores, salientando que estes são os grandes pescadores de almas para Jesus, quebrando as correntes do inimigo.

O deputado Luizinho Goebel (PV) disse que não tem bens materiais, mas bens de fé. Já o Jesualdo Pires falou que “quis Deus que eu não fosse o presidente desta Casa. Quis Deus que o deputado Valter Araújo presidisse essa sessão. Tenho certeza que a partir de agora a nossa Casa será diferente”. Disse que as homenagens aos pastores são justas e que os 100 anos é um marco da Igreja Assembleia de Deus no Brasil.

Na sequencia dos pronunciamentos de parlamentares, discursou o deputado Luiz Claudio (PTN), que destacou o grandioso trabalho desenvolvido pela igreja Evangélica Assembleia de Deus em todo o Brasil, e em especial no Estado de Rondônia. “Os assembleianos fazem o trabalho que mais agrada a Deus, por não ter medo de pregar o evangelho da salvação. Cem anos de existência, de muita luta confrontos, e desafios”, declarou. O deputado destacou se sentir muito feliz ao se comemorar estes cem anos de existência da Assembleia de Deus.

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valter Araújo, ficou emocionado. Disse que, se fosse preciso, levaria a sessão por muito mais tempo. “Já passam de três horas de sessão e o plenário continua cheio”. Falou que Deus está presente na Casa de Leis e “aqui a tranquilidade reina”. Valter Araújo deu seu testemunho e foi enfático ao falar como passou à condição de evangélico. Emocionou-se e falou que a Assembleia Legislativa está sempre aberta aos religiosos.

O primeiro homem batizado com o Espírito Santo no Brasil

Todos os assembleianos sabem que a primeira pessoa a receber o batismo com o Espírito Santo no Brasil foi uma mulher, a irmã Celina Albuquerque, que fez parte do grupo pioneiro da então denominada Missão da Fé Apostólica. Mas são poucos os que sabem quem foi o primeiro homem a viver a experiência pentecostal em Belém do Pará.

Pois bem, depois da irmã Celina, ainda duas outras mulheres foram batizadas com o Espírito e falaram em línguas: Maria de Nazaré Cordeiro de Araújo e outra irmã que deduzo ser Isabel L. da Silva, também integrante do primeiro grupo pentecostal. A quarta pessoa foi um paraibano que na época vivia em Belém e era policial militar. Na capital paraense, ele se converteu a Cristo na Igreja Presbiteriana, mas abraçou a fé pentecostal quando a obra ainda estava no início. Seu nome era Manoel Francisco Dubu.

Em 1914, ele retornou à Paraíba e passou a compartilhar a doutrina do batismo pentecostal e dos dons espirituais com os crentes congregacionais e batistas. No ano de 1918, acompanhado por outro paraibano, chamado Galdino Cândido do Nascimento, ele realizou o primeiro culto pentecostal naquele estado.

Em 1935, Manoel Francisco Dubu foi ordenado presbítero pelo conhecido pastor Cícero Canuto de Lima e durante muitos anos exerceu esse ministério na Assembleia de Deus da cidade de Campina Grande, em seu estado natal.

História completa das Assembléia de Deus. Uma homenagem ao centenário desta denominação. (3ª Parte)

História completa das Assembléia de Deus. Uma homenagem ao centenário desta denominação.(3ª parte)

Continuidade da História completa das Assembléias de Deus e do movimento Pentecostal no Brasil.

- Por falar nas regiões Sul e Sudeste, é importante observar que Gunnar Vingren viajou, pela primeira vez, em 1920, chegando a então capital do Brasil em 7 de julho, dirigindo-se a casa de um irmão chamado Jaime Roberto, com o qual mantivera contato por carta e que dirigia um abrigo infantil no bairro de São Cristóvão, onde realizou um culto. Dali partiu para o Estado de Santa Catarina, tendo passado por Santos, no estado de São Paulo, onde não encontrou nenhum crente pentecostal.

- Em Santa Catarina, pregou em alguns lugares e encontrou um grupo de lituanos em Criciúma, onde fez parte de dois cultos, quando verificou que os crentes cantavam e dançavam por mais ou menos meia hora. Gunnar lhes disse que deveriam deixar aquela história de dança, pois isto não estava em o Novo Testamento, mas eles não aceitaram a repreensão, dizendo que eram dirigidos pelo Espírito Santo e um deles era considerado profeta e isto depois que haviam prometido que não mais fariam aquilo, motivo pelo qual foi Gunnar Vingren mandado embora no meio da reunião. Como, pois, há gente, atualmente, nas Assembleias de Deus que insistem em inventar um “ministério de dança” e tem coreografias em suas reuniões? Voltemos aos primórdios de nossa história!

- De volta para o Pará, Bingren visitou Itajaí/SC, São Paulo/SP, São Bernardo do Campo/SP e, de novo, o Rio de Janeiro. Em São Paulo, visitou uma igreja pentecostal italiana, dirigida por Luis Francescon (era a Congregação Cristã no Brasil), onde o irmão Luiz relatou quantos milagres o Senhor estava operando entre eles. Como se vê, não havia qualquer sectarismo entre estes dois líderes das maiores denominações pentecostais do país, algo que hoje é raríssimo de se ver. Voltemos aos primórdios do evangelho pentecostal!

- Em 1921 e 1922, Gunnar Vingren voltou para a Suécia, ante o agravamento de seu estado de saúde. Restabelecido, pregou em vários lugares em sua terra natal e, em 13 de agosto de 1922, foi para os Estados Unidos, depois que foi reafirmado pelo Senhor que deveria voltar para o Brasil.

Nos Estados Unidos, Vingren permaneceu até 20 de janeiro de 1923, chegando a Belém em 1º de fevereiro de 1923, mas, apesar de continuar trabalhando no Pará, sentiu de Deus que deveria iniciar o trabalho no Sudeste e, em 1924, Vingren transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde chegou em 3 de junho, sendo substituído na igreja em Belém pelo missionário Samuel Nyström.

- No Rio de Janeiro, como não havia mais interesse do irmão Jaime Roberto em receber Gunnar Vingren, este fez contato com uma família de nome Brito, que morava na rua Senador Alencar, 17, no bairro de São Cristóvão e ali se iniciou a evangelização pentecostal, tendo Jesus batizado duas irmãs com o Espírito Santo. Os cultos continuaram e Jesus continuou não só batizando com o Espírito Santo, mas dando dons espirituais aos irmãos, sem falar nos cânticos espirituais e nas curas divinas.

- Antes, em 1922, a obra de Deus também chegara ao estado do Espírito Santo, através dos irmãos Francisco Galdino Sobrinho e sua esposa que, deixando Belém, vieram morar em Vitória/ES.

Dois anos depois, Daniel Berg veio para o estado, a fim de iniciar um trabalho de evangelização, partindo logo após. Daniel, preocupado com este trabalho, pediu e foi mandado para Vitória o irmão José Vicente Ferreira em 1925, e, ante o crescimento do trabalho, este pediu a Daniel Berg que fosse mandado um pastor para o estado, o que ocorreu em 9 de maio de 1930, quando chegou o pastor João Pedro da Silva, organizando o trabalho.

- O trabalho em São Paulo também começou com migrantes. Um grupo de crentes pentecostais pernambucanos chegaram a São Paulo em 1923, dando início ao trabalho pentecostal, na cidade de Santos que, visitada três anos antes por Gunnar Vingren, não tinha, então, nenhum crente pentecostal.

Em 5 de maio de 1924, foi fundada a primeira igreja Assembleia de Deus em terras paulistas pelos irmãos Vicente Lameira e sua esposa Hermínia Lameira e Manoel Garcês e sua esposa, com trabalho de evangelização no bairro Ponta da Praia. Dias depois, ali compareceram os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren, que estruturaram o trabalho, que somente adquiriu personalidade jurídica, porém, em 1934, quando a igreja era pastoreada pelo irmão Clímaco Bueno Aza. Eis a origem da Assembleia de Deus – Ministério de Santos.

- Além deste trabalho em Santos/SP, Daniel Berg também subiu a Serra do Mar e, no Planalto de Piratininga, onde estava a capital do Estado, São Paulo, em 15 de novembro de 1927, realizou-se o primeiro culto numa casa alugada no bairro da Vila Carrão, na zona leste da cidade, culto do qual fizeram parte além de Daniel Berg e sua mulher, Sara, os missionários suecos Simon Lundgren e Linnea Lundgren, data que é considerada a fundação da igreja em São Paulo/SP.

- A estes irmãos se uniram outros que, assim, foram os primeiros da igreja em São Paulo. Acabaram alugando um salão no bairro do Tatuapé, na rua Vilela e, depois, se transferiram para a Rua Cruz Branca, no bairro do Brás, vindo, finalmente, a construir um templo no bairro do Belenzinho, na rua Alcântara Machado. Foi assim que surgiu a Assembleia de Deus – Ministério do Belém, que hoje é presidido pelo pastor José Wellington Bezerra da Costa, atual presidente da CGADB.

- Em 1930, o missionário Samuel Nyström, que tomara o lugar de Daniel Berg em São Paujlo, mandou que o evangelista Vitalino Piro iniciasse um trabalho no bairro do Ipiranga, o mesmo bairro onde D. Pedro I proclamara a independência do Brasil em 1822, trabalho este que se deu mediante cultos ao ar livre que se realizavam nos jardins do Parque da Independência. Logo passaram a se reunir numa casa na rua Arcipreste Ezequias, 7, na vila São José e, em 29 de junho de 1931, foi realizado um batismo no riacho Ipiranga.

- Em 1934, o pastor Buno Sklimovski designa o pastor Alfredo Reikdal para dirigir o trabalho no Ipiranga e, dez anos depois, a igreja se organiza juridicamente, tendo como pastor o próprio Alfredo Reikdal, que faleceu em 2010. Nascia, então, a Assembleia de Deus – Ministério do Ipiranga, que, desde 2010, é presidida pelo pastor Alcides Favaro.

- Em 1924, o evangelho pentecostal chegou ao Rio Grande do Sul, por intermédio do missionário sueco Gustav Nordlund e sua esposa Elisabeth, bem como seu filho Herbert, outro casal de missionários que vieram da Suécia para o Brasil com destino especificado pelo Espírito Santo. No primeiro culto que realizaram ao Senhor em terras gaúchas, havia apenas uma pessoa que, ao término da reunião, entregou-se para Jesus.

- O trabalho no estado do Paraná iniciou-se em 1928, por intermédio do já mencionado pastor Bruno Skolimovski (1884-1961). Bruno, polonês de nascimento, nasceu em 1884, chegando ao Brasil em 1909 em busca de trabalho, casando-se em 1911 com a brasileira Maria Barbosa. O casal se converteria a Jesus em 1919, tendo sido enviado, em 1923, para Fortaleza/CE, a fim de substituir o pastor Antonio Rego. Em 1924, foi para Natal/RN, onde substituiu o pastor Manoel Higino na direção daquela igreja, tendo ido para o Rio de janeiro em 1926 e, depois, para Petrópolis/RJ.

- Em 1928, por revelação divina, foi para Curitiba, capital do Paraná, onde abriu o trabalho pentecostal naquele Estado, entregando a igreja para Clímaco Bueno Aza em 1939, quando, então, foi pastorear a igreja em São Paulo até 1945, quando, então, entregou a igreja do Belenzinho ao pastor Cícero Canuto de Lima (em 19044, como sabemos, havia ocorrido a emancipação da igreja do Ipiranga), passando, então, a pastorear a igreja em Santos/SP até 1953, quando volta a pastorear a igreja em Curitiba/PR, retornando a Santos/SP em 1957, onde pastoreia a igreja até a sua morte, ocorrida em 20 de dezembro de 1961.

- Apesar das incursões de Gunnar Vingren na década de 1920 em Santa Catarina, o evangelho pentecostal só vai chegar de forma organizada e contínua este estado em 1931, por intermédio do irmão André Bernardino da Silva, um catarinense de Itajaí/SC que fora para o Rio de Janeiro para “estudar para padre”.

Entretanto, logo o jovem deixou-se envolver pela boemia carioca e o resultado é que contraiu tuberculose e acabou sendo expulso do seminário católico, passando a ir morar num barco que estava em reparos e que tornara residência para os “sem-teto”.

- Comovido com seu estado de saúde extremamente precário e cada vez pior, um amigo seu foi até a Assembleia de Deus, que tinha a fama de ser uma igreja que “curava” e o jovem moribundo recebeu a visita de Daniel Berg, Gunnar Vingren e do irmão Paulo Leivas Macalão. Oraram pelo jovem, que foi curado imediatamente e o jovem, então, durante sete meses, morou na Assembleia de Deus em São Cristóvão.

- Treinado por Gunnar Vingren, André retornou para Itajaí/SC para pregar o Evangelho e o primeiro culto se realizou em 15 de março de 1931, quando duas pessoas se converteram a Cristo, iniciando-se, assim, a história das Assembléias de Deus em Santa Catarina.

- Voltando ao Nordeste, o evangelho pentecostal se iniciou na Bahia em 1926, pela irmã Joaquina de Souza Carvalho, crente batista que, moradora de Canavieiras, na Bahia, havia, juntamente com seu marido, José Clodoaldo, sofrido terríveis perseguições numa região chamada “Os Correia”, onde, em 1924, o irmão Clodoaldo chegou a ser amarrado em um mourão e ateado fogo para que morresse queimado.

Aos clamores ao Senhor de socorro, um grupo de pessoas que por ali passava livrou o irmão que, desgostoso, mudou-se com a esposa para Belém do Pará, onde, ao ouvirem a mensagem pentecostal, aceitaram a doutrina do Espírito Santo.

- Em 1926, a irmã Joaquina, que fora batizada com o Espírito Santo, dirigida pelo Espírito Santo, retornou para Canavieiras, aproveitando que o missionário Otto Nelson empreenderia uma viagem para lá e, assim, chegou à Bahia a mensagem pentecostal.

O resultado deste pregação, que se espalhou pelo município de Belmonte, foi que 20 crentes já eram batizados com o Espírito Santo e Otto Nelson enviou para lá o pastor João Pedro da Silva. Começavam, assim, as Assembléias de Deus em território baiano.

- Em 1914, na cidade piauiense de Piripiri, o irmão João Canuto de Melo foi o primeiro a levar o evangelho pentecostal para o Piauí, quando, ao ter adquirido uma Bíblia em Coivaras/PI, passou a pregar o Evangelho, mas seria somente em 1927, quando o irmão Raimundo Prudente de Almeida visitou a cidade e começou a pregar o Evangelho que o trabalho se sedimentou, que só foi se organizar em 1933, quando Alfredo Carneiro, militar do Exército, sentindo a chamada divina, abandonou a carreira militar e passou a evangelizar no Estado, onde, desde 1932, os crentes pediam um pastor para a igreja em São Luís/MA.

- O trabalho em Sergipe se iniciou em 1927, por intermédio do Sargento Ormínio, membro do Exército que, tendo sido transferido de Belém para Aracaju, levou também, além de sua condição de dedicado soldado, a mensagem pentecostal. Ali pregou o Evangelho e houve muitas conversões e, como não era ministro, não podendo batizar nas águas, comunicou o fato à igreja de Maceió que para lá mandou o pastor João Pedro da Silva que, em 1928, batizou os primeiros novos convertidos. A igreja só seria, porém, organizada em 18 de fevereiro de 1932, depois uma importante visita do missionário Otto Nelson.

- Na região Norte, resta-nos apenas relatar o início do trabalho no então Território e hoje Estado do Acre (estado natal da ex-senadora e primeira assembleiana a se candidatar à Presidência da República, Marina Silva), que teve início através do irmão Manoel Pirabas, em 1932. Vindo de Rondônia, Manoel se instalou no Acre e ali iniciou a pregação do evangelho pentecostal. A igreja somente se organizaria em 24 de janeiro de 1944, quando foi dada a personalidade jurídica pelo pastor Francisco Vaz Neto.

- A última região que nos falta mencionar é a região Centro-Oeste, que, nos primórdios das Assembleias de Deus, era formada por Goiás e Mato Grosso, sendo que, atualmente, ambos os estados encontram-se divididos em dois cada um (Goiás e Tocantins, que faz parte da região Norte e Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), além do Distrito Federal, que surgiu em 1960 com a fundação de Brasília.

- O trabalho em Goiás começou em 1936, quando vieram morar no estado alguns crentes que vinham da igreja Assembleia de Deus do bairro de Madureira, no Rio de Janeiro/RJ, igreja pastoreada por Paulo Leivas Macalão (1903-1982), que, um dos primeiros crentes que havia se convertido no Rio de Janeiro, após a vinda de Gunnar Vingren, fora consagrado ao ministério em 1930, pouco antes da partida do missionário de volta para a Suécia em 1932.

- Macalão, que começara a evangelizar o bairro de Madureira ainda na década de 1920 e passou a evangelizar os subúrbios da Estrada de Ferro Central do Brasil, que ligava o Rio de Janeiro a São Paulo, fez o trabalho prosperar, tanto que já estava num salão maior em 1929 e acabou por dar personalidade jurídica à congregação que dirigia no bairro de Madureira, o que ocorreu em 21 de outubro de 1941, gerando, assim, a igreja que seria o início do Ministério de Madureira que, desde 1958, organizou-se em convenção própria, vinculada à CGADB. Em 1988, porém, em virtude de conflitos com a expansão do ministério de Madureira para o Norte e o Nordeste, como não houve aceitação da proposta da CGADB de que a convenção e Madureira deveria se diluir, houve o rompimento entre a CGADB e a CONAMAD (Convenção Nacional das Assembléias de Deus

– Ministério de Madureira), a primeira grande ruptura das Assembléias de Deus no Brasil. A CONAMAD é presidida atualmente pelo “bispo” Manoel Ferreira.

- Pois bem, alguns crentes de Madureira foram para Goiás em 1936, dando início ali ao trabalho pentecostal. Eram crentes que tinham ido para Goiânia, onde havia grandes oportunidades de trabalho, notadamente na construção civil.

Diante do início da pregação destes irmãos que, assim como em outros lugares, não só vieram trazer seus conhecimentos profissionais mas também a mensagem pentecostal, pediram ao pastor Paulo Leivas Macalão que lhes indicasse um líder, tendo, então, sido designado o irmão Antonio Moreira.

- Este trabalho em Goiás foi, posteriormente, o responsável pelo início do trabalho na nova Capital da República.

Em 1956, quando se iniciou a construção de Brasília, a mensagem pentecostal já começou a ser pregada por pastores do Ministério de Madureira em Goiás que, em 19 de novembro de 1956, fundaram a Assembleia de Deus Ministério de Madureira na Cidade Livre (hoje o Núcleo Bandeirante), sob a presidência do pastor Paulo Leivas Macalão e, assim, o evangelho chegou à Brasília.

- Em 1957, chegaram à Brasília, para trabalhar na construção da nova capital, alguns irmãos de São Paulo os irmãos Virgílio José dos Santos, Carlos Messias, Alfredo da Silva e João Carolino dos Santos, bem como o irmão Salomão Castro de Sousa, que começaram a pregar o evangelho no acampamento da construtora onde trabalhavam no Granja do Torto (hoje uma das residências da Presidência da República).

Nesse mesmo ano, compraram um salão onde começaram a realizar cultos e que foi o início da igreja vinculada à missão (ou seja, que não era de Madureira) que foi organizada em maio de 1959, quando o pastor Túlio Barros, do Rio de Janeiro/RJ, mandou para lá o evangelista João Ferreira.

- De igual forma, foi este trabalho de Goiás o responsável pelo início da evangelização no norte do Estado, hoje Estado de Tocantins.

O trabalho se iniciou na cidade de Gurupi/TO, em 1956, quando, sabendo do início da povoação do lugar, o pastor Lázaro Manoel de Oliveira Souza, da Assembleia de Deus de Ceres/GO, mandou para lá o diácono Euclides Mello de Albuquerque e sua família, que, lá chegando, realizaram o primeiro culto pentecostal naquela cidade, então um simples povoado, em 6 de fevereiro de 1956.

- No Mato Grosso, o evangelho pentecostal penetrou através das fronteiras com o estado do Amazonas. A primeira notícia de trabalhos no estado se deu em 1924 quando Elói Bispo de Sena visitou, pela segunda vez, a localidade de Generoso Ponce, onde se estabeleceu a primeira Assembleia de Deus. Em 1923, quando ali esteve Elói Bispo pela primeira vez, já se encontraram alguns crentes pentecostais. Em Cuiabá, o trabalho começou apenas em 1943, embora lá já morassem os crentes Rodrigues Alves e sua esposa que, sendo presbiterianos e tendo crido no batismo com o Espírito Santo, mantiveram-se pentecostais e filiados à igreja de Ribeirão Preto/SP, embora estivessem isolados na capital mato-grossense. Rodrigues seria batizado nas águas em abril de 1943 pelo pastor J.H. Tostes e, em 7 de maio de 1944, organizou-se juridicamente a igreja.

- Em Mato Grosso do Sul, a evangelização começou por crentes de Cuiabá que se mudaram para Campo Grande e a igreja foi organizada apenas alguns meses depois da capital do Estado (Mato Grosso era um só Estado então), o que se deu em 22 de outubro de 1944.

- Assim iniciaram as Assembléias de Deus em nosso país. Atualmente, estima-se que 27 milhões de brasileiros pertençam às Assembléias de Deus, em seus diferentes ministérios e convenções. Um trabalho feito, basicamente, de evangelização pessoal e de uma vida de amor pelas almas perdidas de pessoas anônimas que não cessaram de orar, buscar a Deus e de meditar nas Escrituras Sagradas.

- Apesar de ainda hoje ser a maior denominação pentecostal do Brasil, é visível a perda de ritmo de crescimento das Assembléias de Deus um século depois de sua organização no país.

Por que isto? Exatamente porque os crentes assembleianos já não mais evangelizam como fizeram os seus pais na fé, nem tampouco buscam a oração, o batismo com o Espírito Santo, os dons espirituais nem tampouco a cura divina.

A perda da vitalidade espiritual traduz esta perda de ritmo, mas ainda é tempo de acordarmos e voltarmos aos primórdios.

Depende de cada um de nós. Que história estamos a construir neste segundo século das Assembléias de Deus no Brasil?

IV – ALGUMAS LIÇÕES QUE NOS DEIXARAM A HISTÓRIA DOS PRIMÓRDIOS DA EVANGELIZAÇÃO PENTECOSTAL DO BRASIL

- Depois de vermos, ainda que sucintamente, o início do trabalho das Assembléias de Deus em cada unidade da Federação, resta-nos, tão somente, para encerrarmos esta histórica lição, tentarmos aprender algumas lições, pois a história tem, entre seus objetivos, o de nos fazer aprender com o passado para que não só entendamos o presente, mas procuremos construir um futuro isento dos mesmos erros de ontem e com os acertos que lá se fizeram.

- Ao contemplarmos a história das Assembléias de Deus no Brasil, verificamos, de pronto, que o seu crescimento muito se assemelha ao que lemos no livro de Atos dos Apóstolos, a nos indicar, assim, que o único modelo real de crescimento da obra de Deus é o que se encontra prescrito na Bíblia Sagrada, única regra de fé e prática.

Jesus Cristo, amém!

História completa das Assembléia de Deus. Uma homenagem ao centenário desta denominação. (1ª Parte)


História completa das Assembléia de Deus. Uma homenagem ao centenário desta denominação. (1ª parte)

Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!

Pareceu-me bem, neste ano de centenário das Assembléias de Deus, (Denominação a qual eu pertenço há 31 anos) apresentar-vos um documentário mais preciso acerca de tudo o que ao longo dos anos temos lido e ouvido acerca dos fatos, episódios, conquistas, realizações, crescimento e proezas dos pioneiros Gunnar Vingren e Daniel Berg.

Eles foram responsáveis pelo maior movimento pentecostal em solo brasileiro, que persiste até os nossos dias, e espero que seja até o dia do arrebatamento da Igreja.

Este documento não é exclusivo da CPAD, mas é um patrimônio de todos os cristãos pentecostais que sente diariamente a chama do Espírito Santo acesa nas mentes e corações. Vamos acompanhar.
A história das Assembléias de Deus no Brasil é a prova de que Jesus ainda salva, cura, batiza com o Espírito Santo e breve voltará para arrebatar a Sua Igreja.

- A forma como Deus agiu para trazer o evangelho completo para o Brasil é prova indelével de que Jesus ainda salva, cura, batiza com o Espírito Santo e, brevemente, voltará para buscar a Sua Igreja.

I – AS CHAMADAS DE GUNNAR VINGREN E DE DANIEL BERG

- Neste dia 5 de junho de 2011, seguindo programação da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil (CGADB), é momento de as Escolas Bíblicas Dominicais de todo o país celebrarem o centenário das Assembléias de Deus no Brasil que, no dia 18 de junho de 2011, completarão cem anos de igreja organizada em território nacional.

- Esta celebração se faz mediante esta lição especial, em que toda a membresia das Assembléias de Deus será levada a relembrar como Deus trouxe o evangelho completo para a nossa Pátria, de uma forma completamente surpreendente, a fim de mostrar que foi da Sua vontade a chegada do movimento pentecostal a este país.

- A história é, para os servos de Deus, uma das demonstrações de que o plano de Deus para a salvação do homem segue sua marcha sem que ninguém possa impedir o cumprimento do propósito divinamente estabelecido. Conhecer a história, portanto, é importantíssimo para que todos tenham a sua fé acrescida e sua esperança renovada n’Aquele que cumpre pela Sua Palavra para a cumprir (Jr.1:12).

Gunnar Vingren (1879-1933), um dos missionários pioneiros das Assembléias de Deus e primeiro pastor da igreja em Belém do Pará

- Gunnar Vingren nasceu na cidade sueca de Östra Husby no dia 8 de agosto de 1879. Seu pai era um jardineiro, mas também dirigente da Escola Dominical da igreja batista onde congregava. Assim, desde cedo, ensinou ao seu filho tanto o ofício de jardineiro, que Gunnar exerceu até os 19 anos de idade, como a Palavra de Deus.

- Aos 9 anos de idade apenas, Gunnar sentiu a chamada de Deus na sua vida. Sentia-se atraído por Deus de uma forma especial e costumava orar muito, sendo comum reunir outras crianças para orar com ele.

Aos 12 anos de idade, porém, desviou-se dos caminhos do Senhor. Aos 17 anos, porém, em 1896, entregou-se novamente ao Senhor no culto de vigília do Ano Novo. Em março ou abril de 1897, foi batizado nas águas e passou a ser o dirigente da Escola Dominical, sucedendo a seu pai, o que, segundo seu relato, “…aumentou muito a sua necessidade de Deus e de Sua graça”. Temos nos sentido assim, professores de Escola Bíblica Dominical?

- Em 14 de julho de 1897, ao ler uma revista sobre as grandes necessidades e sofrimentos de tribos nativas no Exterior, Gunnar derramou muitas lágrimas e subiu ao seu quarto e ali prometeu a Deus pertencer-lhe e se pôs à disposição do Senhor para honra e glória do Seu nome, entregando-se, assim, à obra missionária. Em outubro daquele ano, ao entregar tudo quanto tinha no seu bolso como oferta para ajudar um irmão a ir ao campo missionário, ao voltar para casa, o Espírito Santo lhe falou que ele também seria missionário.

- Dirigiu a Escola Dominical da igreja de sua cidade até o fim de outubro de 1898, quando, então, foi para a escola bíblica em Götabro, Närke, escola que teve duração de apenas um mês. Ao término daquela escola, Gunnar Vingren, na companhia de um colega, Soderlund, foram à província de Skane como evangelistas, ocasião em que Gunnar foi vitimado de papeira, mas, após orações dos irmãos, foi curado por Jesus.

- Depois dessa experiência, Gunnar foi trabalhar como jardineiro no palácio real de Drottningholm. Em outubro de 1899, Gunnar participou de outra viagem evangelística, na província de Ostergötland. Em fevereiro de 1900, Gunnar Vingren foi convocado ao serviço militar, que durou 68 dias, ocasião em que testificou do Evangelho para os demais soldados.

- Em junho de 1903, Gunnar Vingren foi atingido pela “febre dos Estados Unidos”, que fazia com que muitos suecos emigrassem para o promissor país. Gunnar chegou aos Estados Unidos, em Kansas City, no dia 19 de novembro de 1903, onde foi morar com seu tio Carl Vingren, que emigrara antes, passando a trabalhar como foguista, tendo depois ido trabalhar como porteiro em uma grande casa comercial, voltando a trabalhar como jardineiro posteriormente, conseguindo emprego no Jardim Botânico de St. Louis, onde passou a congregar numa igreja sueca que ali havia.

- No fim de setembro de 1904, Gunnar mudou-se para Chicago, a fim de começar um curso de quatro anos no seminário teológico sueco dos batistas (sim, amados irmãos, Gunnar Vingren estudou teologia, prova de que teologia não é e nunca foi “coisa do diabo”, como, inadvertidamente, muitos assembleianos, negando a sua própria origem, pregaram por décadas…).

Durante o curso, Gunnar pregou em várias igrejas, tendo, no final do curso, estagiado como pastor em Mountain, no estado norte-americano de Michigan. Gunnar concluiu seus estudos e foi diplomado em maio de 1909. Nesse tempo, Gunnar, sentindo a chamada missionária, havia entregado uma solicitação para ser enviado como missionário. Após os estudos, assumiu o pastor da Primeira Igreja Batista em Menominee, também em Michigan, onde foi pastor de junho de 1909 a fevereiro de 1910.

- A Convenção Geral dos Batistas americanos decidiu que Gunnar seria enviado como missionário a Assam, na Índia, juntamente com sua noiva, mas, no meio da convenção, Gunnar sentiu que não era esta a vontade de Deus para a sua vida. Gunnar, então, enviou uma carta à Convenção, após uma semana de luta interior intensa, desistindo de ir para a Índia e, por causa desta decisão, ocorreu o rompimento de seu noivado. Após a tomada desta decisão, diz Gunnar que voltou a sentir o poder e a paz de Deus em seu interior, sentimentos que haviam desaparecido quando participara daquela convenção.

- No verão de 1909 (correspondente ao nosso inverno), Gunnar Vingren sentiu grande sede de receber o batismo com o Espírito Santo e com fogo, tendo ido, com este propósito, a uma conferência batista que seria realizada na Primeira Igreja Batista Sueca em Chicago. Depois de cinco dias de busca, Gunnar foi batizado com o Espírito Santo.

- Retornando para a igreja que dirigia, Gunnar passou a pregar a verdade que Jesus batiza com o Espírito Santo e com fogo e, como resultado desta pregação, foi obrigado a deixar a igreja, que ficou dividida com a doutrina do batismo com o Espírito Santo. Gunnar, então, foi dirigir uma igreja na cidade de South Benda, no estado norte-americano de Indiana. Na primeira semana em que começou a pastorear a igreja, dez pessoas foram batizadas com o Espírito Santo e a igreja se tornou pentecostal. Gunnar Vingren dirigiu a igreja até o dia 12 de outubro de 1910.

- Nesta igreja, Gunnar Vingren começou a realizar culto de oração na casa de um irmão que havia sido batizado com o Espírito Santo, cultos que se realizaram todos os sábados à noite. Foi num destes cultos que o Senhor usou o irmão Adolfo Ulldin, que tinha o dom de profecia, dizendo que Gunnar deveria ir para o “Pará”, local onde deveria testificar de Jesus, um povo que era de nível social muito simples, a quem Gunnar deveria ensinar-lhe os primeiros rudimentos da doutrina do Senhor. Naquela ocasião, inclusive, o Senhor fez com que o irmão que profetizava falasse a língua daquele povo, tendo sido a primeira vez que Gunnar ouviu o idioma português. O Senhor também disse a Gunnar que ele comeria uma comida muito simples, mas que o Senhor daria tudo o que fosse necessário.

Também foi dito que Gunnar casaria com uma moça chamada Strandberg, o que aconteceu muitos anos depois, pois Gunnar Vingren se casaria com Frida Strandberg, que passaria a se chamar Frida Vingren.

- Diante desta palavra profética, Gunnar Vingren foi, na companhia do irmão Adolfo Ulldin à biblioteca de South Benda, onde descobriram que “Pará” era uma região situada no norte do Brasil. Juntamente com os dois, também estava um outro irmão, que Gunnar havia conhecido na conferência batista de Chicago, chamado Daniel Hogberg.

Daniel Berg (1884-1963), um dos missionários pioneiros das Assembleias de Deus no Brasil.

- Daniel Hogberg, conhecido como Daniel Berg, nasceu na cidade sueca de Vargon em 19 de abril de 1884, filho dos batistas Gustav Verner Högberg e Fredrika Högberg. Criado na igreja, Daniel, aos 17 anos de idade, resolveu emigrar para os Estados Unidos, diante da depressão financeira que sofria a Suécia. Daniel partiu para os Estados Unidos em 5 de março de 1902, tendo assumido consigo mesmo o propósito de sempre seguir os passos do seu Salvador Jesus Cristo e, com o seu auxílio, resistir às tentações. Daniel também decidira servir a Deus em amor e respeito que sentia a seus pais.

- Em 25 de março de 1902, Daniel chegou aos Estados Unidos, indo para Providence, no estado norte-americano de Rhode Island, onde, através de amigos da Suécia, conseguiu emprego em uma fazenda, onde pasou a tomar conta dos cavalos e das carroças.

Transferiu-se, depois, para a cidade de Glasport, no estado norte-americano da Pensilvânia, onde trabalhou em uma fundição de aço e conseguiu seu diploma de fundidor especializado.

Obrigado a se filiar a um sindicato após um ano de exercício da profissão, como não se interessava por política, Daniel preferiu sair do emprego e arranjou outro, trabalhando por oito anos, quando, então, desejou retornar à Suécia para rever seus pais, pretendendo retornar um ano após, pois lhe fora prometido um emprego vantajoso numa empresa que vendia frutas por atacado.

- Daniel voltou à Suécia para rever seus pais. Ali descobriu que seu melhor amigo de infância, Lewi Pethrus, não mais morava em Vargon, vivendo numa cidade próxima onde pregava o Evangelho, inclusive pregando que o batismo com o Espírito Santo. Instigado pela mãe de Lewi, Daniel, então, resolveu visitar seu amigo, mas, antes, já interessado na doutrina do Espírito Santo, leu a Bíblia com muita atenção sobre o assunto.

- Daniel foi visitar Lewi Pethrus e, ao chegar à igreja que dirigia, sentou-se e prestou atenção para melhor entender o assunto. Após o culto, conversaram longamente acerca da doutrina do Espírito Santo e, a partir de então, desejou receber o batismo com o Espírito Santo e passou a orar que Deus lhe batizasse, o que aconteceu.

- Daniel, então, voltou para os Estados Unidos e, na viagem, sentiu do Senhor de entregar sua vida totalmente a ele e de pregar o Evangelho. Aguardando que Deus iniciasse essa obra em sua vida, começou a trabalhar na casa atacadista de frutas, conforme sua promessa. Daniel foi participar da conferência batista em Chicago, a mesma a que tinha ido Gunnar Vingren, quando, então, conheceu Gunnar, recém-formado em teologia e desejoso de ir para a obra missionária. Nessa ocasião, Gunnar relatou a Daniel que havia recebido o batismo com o Espírito Santo e que, com o batismo, adquirira a certeza de que, no futuro, seria missionário aonde quer que o Senhor o mandasse.

- Neste diálogo com Gunnar, Daniel ficou convicto de que estava ali o seu companheiro para a obra missionária. Em 1910, diante desta convicção, Daniel mudou-se para South Benda e passou a congregar na igreja dirigida por Gunnar Vingren.

Daniel revelou esta convicção a Gunnar e passaram, então, a orar juntos diariamente e esperar que Deus mostrasse o caminho que deveriam seguir. Daniel estava no culto de oração onde o irmão Adolfo Ulldin disse que Gunnar deveria ir para o “Pará”. - Num dos cultos de oração, o Senhor, então, mandou que Daniel Berg e Gunnar Vingren fossem para Nova Iorque e lá tomasse um navio com direção ao “Pará”, navio que sairia no dia 5 de novembro de 1910. Obedientemente, Gunnar Vingren deixou a igreja em South Benda e, juntamente com Daniel, resolvera, ir para Nova Iorque a fim de iniciar sua viagem ao “Pará”.

- Ao darem notícia de sua resolução, a igreja não foi receptiva.

Os irmãos disseram que o clima no Brasil era adverso e que, certamente, ambos os missionários não demorariam em retornar. Não prometeram qualquer ajuda financeira e se limitaram a dizer que os separariam como missionários, não dando qualquer garantia de sustento nem tampouco a aquisição de Bíblias e Novos Testamentos.

Mesmo diante desta “ducha de água fria”, os dois missionários resolveram obedecer à voz do Senhor e foram acrescidos na fé depois que o Espírito Santo falou a Gunnar que se fossem nada lhes faltaria.

- Decididos a partir, após serem devidamente separados para a missão pela sua igreja, tendo apenas 90 dólares no bolso, exatamente o necessário para a viagem até o Brasil, foram para Chicago, aonde haviam sido recomendados e enviados a uma igreja pentecostal dirigida pelo irmão Durham. Durante a visita àquela igreja, o Senhor tocou no coração de Gunnar Vingren para que desse todo o seu dinheiro a uma revista pentecostal mantida pelo irmão Durham. Após intensa luta com Deus durante a noite, Gunnar resolveu entregar aquele dinheiro para a revista. Estavam, pois, sem recurso algum para ir para o Brasil.

- No dia da despedida de sua igreja, Gunnar Vingren recebeu alguns dólares, mas o dinheiro não era suficiente para pagar a passagem até Nova Iorque, sendo suficiente apenas para irem até a divisa do Estado de Indiana. Foram, então, a uma igreja em Chicago, onde haviam sido convidados antes de partirem de South Benda, convite do pastor B.M. Johnson.

Foram até a igreja que ele dirigia para se despedirem dos irmãos. O pastor nada lhes deu mas pediu aos irmãos que sentissem que dessem uma oferta aos missionários. Os irmãos ofertaram diretamente aos missionários e, então, tinham o dinheiro suficiente para a viagem até Nova Iorque, pois receberam mais de quatro vezes o que havia sido doado ao irmão Durham.

-Gunnar e Daniel, então, partiram para Nova Iorque e, numa baldeação da viagem de trem até a grande metrópole, Gunnar encontrou-se com um irmão que o conhecia há anos e que recebera de Deus ordem para mandar 90 dólares para Gunnar e estava procurando saber o endereço de Vingren.

Ao encontrá-lo na estação de trem, deu graças a Deus e lhe entregou a oferta de 90 dólares que o Senhor lhe havia mandado dar.

Estava, pois, garantida a passagem para a ida até o Brasil! O Senhor fazia cumprir a Palavra que dera a Gunnar quando andava um dia pelas ruas de South Benda de que o Senhor nada deixaria faltar se ele se dispusesse a ir para o “Pará”!

- Chegando a Nova Iorque, os dois missionários, conforme a profecia que lhes havia sido dada, foram procurar um navio que fosse para o Brasil e zarpasse no dia 5 de novembro. Ali chegando, descobriram que navio algum partiria para o Brasil naquela data, não tendo eles conseguido lugar em qualquer outro navio. Após alguma espera, porém, descobriram que o navio “Clement”, que se atrasara no porto de Nova Iorque para alguns reparos, partiria no dia 5 de novembro de 1910 para o Brasil, embora não estivesse nas listas de partidas do porto, confirmando-se, pois, a profecia, havendo apenas dois lugares no navio.

Partiram, então, para o Brasil apenas com as maletas de mão, pois, em virtude de uma greve no porto, as malas dos missionários ficaram retidas.

- O navio estava fora do porto e uma pequena embarcação os levou até o navio. Naquela embarcação, Gunnar e Daniel ouviram aquele mesmo idioma que haviam ouvido naquele culto de oração em que lhes fora revelado que deveriam ir para o “Pará”. Era a língua portuguesa, o que lhes fez sentir, uma vez mais, que estavam na direção de Deus.

- Gunnar e Daniel compraram passagens de terceira classe, pois precisavam economizar alguns dólares quando desembarcassem no Pará. A terceira classe era um grande salão com divisões e, em cada divisão, havia quatro camas.

Os passageiros, na hora da refeição, formavam fila para receber os talheres e pratos e depois, recebiam como alimento uma sopa de péssima qualidade, tendo, depois, de lavar a louça e guardar os talheres para a próxima refeição.

- Gunnar e Daniel eram os únicos passageiros brancos do navio e somente alguns falavam inglês. Um deles, que falava inglês e era companheiro de beliche dos missionários, foi evangelizado por Daniel e creu em Jesus como seu Salvador.

Aproveitava o tempo da viagem para orar, o que chegou a incomodar um passageiro que os repreendeu, mas, por fim, acabou abrandando seu furor contra os missionários, embora não tenha aceitado a Cristo como seu Salvador. Ainda durante a viagem, Daniel foi usado em profecia para reafirmar a ambos os missionários que o Senhor estava com eles.

II – O INÍCIO DA EVANGELIZAÇÃO PENTECOSTAL EM BELÉM DO PARÁ

- Gunnar e Daniel chegaram a Belém do Pará em 19 de novembro de 1910, sem conhecer pessoa alguma, nem sequer sabendo falar a língua portuguesa. Após desembarcarem do navio, Gunnar perguntou a Daniel para onde iriam, tendo Daniel respondido que deveriam subir uma rua, onde, então, num restaurante, pela primeira vez comeram a autêntica comida brasileira.

- Foram, então, a um parque e ali sentaram num banco de jardim, orando a Deus e buscando orientação. Encontraram uma família que havia viajado com eles e que falava inglês e que indicaram o hotel onde estavam hospedados. Naquela oportunidade, os missionários tinham no bolso a quantia de 4 dólares, equivalente a 16 mil-réis, além de alguns trocados, exatamente o valor da diária do hotel. Foram para o hotel e lá encontraram outras pessoas que falavam inglês, tendo perguntado se conheciam algum pastor protestante na cidade, sendo que ninguém sabia a residência de algum pastor.

- No dia seguinte, em conversa com um hóspede, este lhes forneceu uma revista em português editada por um pastor metodista, tendo então procurado o seu endereço, mas sem êxito. Sem saber para onde iam, foram orientados por um homem onde havia um bonde e o tomaram.

Pouco depois, esse mesmo homem, que tomara outro bonde e chegara primeiro que os missionários, começou a acenar para Gunnar e Daniel que, então, desceram do bonde. O homem, então, os levou até a casa do pastor metodista, o americano Justus Henry Nelson (1850-1937), que viera como missionário para o Pará em 19 de junho de 1880 (Nelson é autor de alguns hinos que fazem parte da Harpa Cristã).

- Ao ser inteirado da situação, Nelson os conduziu até o pastor batista de Belém, Erik Nilsson, que também era sueco e tinha vindo como missionário para Belém. Nilsson, no início, buscou o batismo com o Espírito Santo durante quatorze dias, mas, quando começou a sentir o poder de Deus, como a sua mulher ficara com medo e insistisse em que ele deixasse de buscar o revestimento de poder, ele desistiu de buscar o batismo com o Espírito Santo e se tornou contrário àquelas manifestações.

- Nillson disse que precisava de auxiliares para o trabalho e convidou ambos os missionários a morarem no porão de sua casa, por 2 dólares diários, tendo eles aceitado a oferta e passado a morar ali.

Logo a notícia da chegada dos missionários ecoou nas quatro igrejas protestantes de Belém e os missionários passaram, então, a ser convidados para pregar naquelas igrejas, jamais escondendo a mensagem pentecostal.

- Os missionários foram bem recebidos na igreja batista, pois os diáconos oravam já há algum tempo pedindo a Deus que enviassem missionários para Belém e havia a convicção de que Gunnar e Daniel eram as pessoas enviadas por Deus em resposta àquelas orações.

- Um mês após a chegada dos missionários, um irmão presbiteriano chamado Adriano Nobre, convidou os missionários para acompanhá-lo numa viagem a casa de seus pais, situado três dias de viagem de Belém. Os missionários, então, nesta viagem de rio, tiveram seu primeiro contato com a Floresta Amazônica.

Ficaram um mês e meio ali, onde realizaram pequenas reuniões de oração. Quando retornaram para Belém, souberam que, neste período, ocorrera uma revolução em Belém do Pará e os missionários entenderam que haviam sido poupados de envolvimento naquele conflito.

- As pessoas começaram a se interessar pela doutrina do Espírito Santo que era pregada pelos missionários e os cultos começaram a encher de gente. Como o dinheiro havia acabado e os missionários precisavam aprender o português, Daniel foi trabalhar como fundidor, ganhando 12 mil-réis por dia, dinheiro suficiente para que Gunnar pagasse as suas aulas de português e ainda sobrasse dinheiro para que comprassem Bíblias e Novos Testamentos dos Estados Unidos, pois não havia quem produzisse a impressão de Bíblias em português no Brasil. À noite, quando Daniel voltava do trabalho, Gunnar lhe ensinava a lição de português que havia aprendido durante o dia.

- Havia uma confiança da parte dos batistas de Belém que, quando Gunnar aprendesse o português, se tornasse pastor deles. A pregação da doutrina do Espírito Santo, porém, passou a incomodar Erik Nillson que, certa feita, disse que parassem os missionários de pregar a mensagem do batismo com o Espírito Santo, pois era uma doutrina que “propagava divisões”.

- Gunnar Vingren, em maio de 1911, dirigiu um culto de oração na igreja batista, a convite dos diáconos da Igreja.
Naquela oportunidade, Gunnar pregou sobre o batismo com o Espírito Santo e, após mostrar versículos que confirmavam esta doutrina, percebeu que havia sido bem recebida esta mensagem.

Naquela semana, Gunnar passou a realizar cultos de oração todas as noites na casa de uma irmã que tinha uma enfermidade incurável nos lábios e, por isso, não podia assistir ao culto na igreja.
Neste culto, Gunnar perguntou à irmã se cria que Jesus podia curá-la, orou por ela e ela foi curada.

(Continua na 2ª parte)